Movimento Faça Você Mesmo ganha espaço nas escolas.
Movimento Criar e Fabricar
Construir, consertar, modificar e fabricar objetos e projetos com suas próprias mãos – ou fabricar você mesmo as máquinas necessárias para isso.
Esta é a proposta do Faça Você Mesmo ou DIY (sigla em inglês para Do It Yourself), que rapidamente tem-se convertido em “Movimento Maker” ou “Cultura Maker” – maker pode ser traduzido como fabricador ou “fazedor”, embora a cultura por trás desse movimento defenda uma mescla entre criador e fabricante.
Dois elementos essenciais vieram se juntar ao software livre para compor esse movimento: o hardware livre e as impressoras 3D.
Amplamente difundido nos Estados Unidos, o movimento tem ganhado espaço nas escolas brasileiras, que buscam com o método tornar o aprendizado mais atrativo e estimular os estudantes a desenvolver projetos e produtos a partir dos conteúdos escolares, muitas vezes pouco práticos.
Embora o movimento venha crescendo na educação nos últimos anos, a ideia não é uma novidade, já existindo desde a década de 1960, e defendida por teóricos consagrados, como Paulo Freire e Seymour Papert.
“Projetos makers vão funcionar para valorizar os conhecimentos da matemática, ou da língua portuguesa, porque eu posso fazer poema na cultura maker, posso fazer física, álgebra, química, qualquer coisa. Pode-se trabalhar todas as disciplinas escolares na cultura maker,” defende Luciano Meira, professor da Universidade Federal de Pernambuco.
Ele enfatiza, no entanto, que é importante produzir algo em função da aprendizagem. “Eu não vou fabricar copos porque é legal, mas porque está dentro de uma pedagogia de aprendizagem da geometria de cilindros, por exemplo. A escola deve se preocupar com isso”.
Apesar da ligação com a tecnologia, a cultura maker não precisa de tecnologia digital e materiais caros para ser introduzida. “Não é preciso cortador à laser, nem impressora 3D, que são obviamente, instrumentos de fabricação digital que você pode ter para valorizar certos aspectos da cultura maker, mas não são imprescindíveis,” defende Luciano. “Muitas vezes há um movimento de primeiro adquirir as coisas e depois fazer a cultura acontecer.
Laboratórios maker
Laboratórios makers estão ajudando o movimento a chegar às escolas públicas do Brasil. Uma dessas iniciativas é o programa Hacking the STEM (sigla em inglês para as áreas de Ciências, Tecnologia, Artes e Matemática), oferecido gratuitamente pela Microsoft.
O programa oferece planos de aula de ciências, tecnologia, engenharia e matemática, desenvolvidos por professores para professores. Os planos de aula são interdisciplinares e permitem que os alunos criem uma variedade de projetos, que variam desde o desenvolvimento de anemômetros (instrumentos que medem a velocidade e a direção do vento) até a construção de mãos robóticas a partir de materiais recicláveis.
Fundadas na solução de problemas do mundo real, as atividades também estimulam habilidades – mecânicas, elétricas e de engenharia de softwares – requisitadas pelas novas tendências no mercado de trabalho, enquanto trazem à tona a ciência de dados.
“Existe muita dúvida sobre quais serão as profissões do futuro, mas uma coisa é certa, as profissões do futuro vão demandar coleta e análise de dados, então experimentos que possibilitam que os alunos comecem a se familiarizar com este tipo de ambiente de uma forma lúdica e divertida são importantes para que o aluno que possa aprender e melhor se preparar para os desafios do futuro,” justifica Antônio Moraes, diretor de Educação da Microsoft.
Educação conectada
O governo federal também tem atuado para que as novas tecnologias que dão suporte à cultura faça você mesmo estejam disponíveis na rede pública de ensino.
Em novembro do ano passado, foi lançada a Política de Inovação Educação Conectada. O programa pretende universalizar o acesso à internet de alta velocidade nas escolas, a formação de professores para práticas pedagógicas mediadas pelas novas tecnologias e o uso de conteúdos educacionais digitais na sala de aula.
Segundo o Ministério da Educação, o programa prevê um plano de formação continuada para professores e gestores com cursos específicos sobre práticas pedagógicas mediadas por tecnologia, cultura digital e recursos educacionais como robótica.
Serão oferecidas bolsas de três meses para 6,2 mil articuladores que atuarão localmente no processo de construção e implementação das ações na rede de ensino.