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Gravidade artificial tenta migrar da ficção para a realidade

Gravidade por centrifugação

A equipe do professor Torin Clark, da Universidade do Colorado, nos EUA, está tentando trazer para a realidade o conceito de gravidade artificial.

Seus primeiros experimentos são bem simples, e ainda não lembram as naves futurísticas e seus domos rotativos, como vistos em 2001: Uma Odisseia no Espaçoou em Perdido em Marte – mas o princípio que ele está explorando é o mesmo.

Como fica muito caro construir uma roda gigante que possa ser usada para simular a antigravidade, Clark está se arranjando com uma maca giratória, na qual seus pés ficam apoiados em uma placa – a gravidade artificial é sentida conforme a maca gira, fazendo com que o voluntário sinta uma pressão dos pés sobre a placa.

Segundo Clark, a velocidade angular gerada pela centrífuga empurra seus pés em direção à base da plataforma – “quase como se eu estivesse sob meu próprio peso,” garante.

Doença do movimento

Parece mesmo um tanto tosco, mas o pesquisador está interessado em resolver primeiro um dos mais sérios entraves a esse tipo de tecnologia: a chamada “doença do movimento”, que muitos de nós já experimentou ao enfrentar alguns brinquedos em parques de diversões.

Basta que Clark e seus estudantes virem a cabeça para os lados enquanto giram para que eles comecem a sentir uma sensação conhecida como “ilusão de acoplamento cruzado” – uma perturbação no ouvido interno que faz com que você se sinta como se estivesse caindo.

É uma sensação tão estranha e desagradável que, por décadas, os engenheiros consideraram que ela é um impedimento para a gravidade artificial.

O que a equipe está tentando desvendar é se os astronautas não poderiam se acostumar ao giro, fazendo com que as náuseas finalmente desapareçam e eles possam desfrutar da gravidade artificial.

Projetos de módulos de teste da gravidade artificial para serem testados no espaço – ainda sem planos de construção e lançamento. 
[Imagem: Engle et al./Boeing]

Gravidade artificial na realidade

Parece que a coisa pode dar certo. No final da 10ª sessão, os alunos estavam todos girando confortavelmente, sem sentir qualquer ilusão ou enjoo, a uma velocidade média de 17 rotações por minuto.

“Até onde podemos dizer, essencialmente qualquer pessoa pode se adaptar a esse estímulo,” disse Clark.

Agora os testes já estão sendo feitos a 50 rotações por minuto, o que é muito mais rápido do que qualquer pesquisa anterior foi capaz de alcançar, mas os resultados desta nova etapa ainda não foram divulgados.

Mas a equipe também têm muitas outras perguntas para responder antes que você possa ver uma sala de gravidade artificial no topo da Estação Espacial Internacional: Por quanto tempo os efeitos do treinamento duram, por exemplo, e quanto de gravidade um astronauta precisaria para compensar a perda de músculos e ossos?

A pesquisadora Kathrine Bretl, no entanto, espera outros benefícios desta pesquisa: Que ela comece a convencer outros cientistas e engenheiros de que a gravidade artificial não é apenas para parques de diversões.

“O objetivo do nosso trabalho é tentar fazer com que mais pessoas pensem que talvez a gravidade artificial não seja tão louca. Talvez ela tenha um lugar fora da ficção científica,” afirmou Bretl.

Fonte: Inovação Tecnológica

Cristiane Tavolaro

Sou física, professora e pesquisadora do departamento de física da PUC-SP. Trabalho com Ensino de Física, atuando principalmente em ensino de física moderna, ótica física, acústica e novas tecnologias para o ensino de física. Sou membro fundadora do GoPEF - Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP e co-autora do livro paradidático Física Moderna Experimental, editado pela Manole.

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