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Sonda Voyager 2 chega ao espaço interestelar, área sem influência do Sol, e se iguala à ‘irmã mais velha’

A Voyager 2 se juntou à sua “irmã mais velha”, a sonda Voyager 1. Em 2012, a primeira versão da nave espacial ultrapassou a heliosfera – região do universo com influência dos ventos solares. Nesta segunda-feira (4), um novo estudo publicado na “Nature Astronomy” aponta que a segunda versão também passou para o meio interestelar.

A história das naves Voyager tem mais de 40 anos. Elas são destinadas a estudar os planetas do Sistema Solar. Como diz o colunista de astronomia do G1, Cássio Barbosa, elas são “icônicas”: por mais de 20 anos, quando se falava em explorar o nosso sistema, lembrava-se das duas sondas.

O projeto é financiado pela agência espacial norte-americana (Nasa).

A Voyager 1 chegou perto do que seria a “fronteira” do Sistema Solar em 2010. Ela havia sido lançada há 33 anos e estava a 17,4 bilhões de quilômetros de casa – o objeto feito pelo homem mais distante da Terra. Em 12 de setembro de 2013, os cientistas confirmaram a chegada ao espaço interestelar, que ocorreu em 2012.

A irmã mais nova, a Voyager 2, atingiu o mesmo feito em 5 de novembro de 2018, mas a confirmação chegou apenas em pesquisa publicada nesta segunda-feira. Um instrumento observou uma mudança definitiva na densidade do plasma, descrita em pesquisa dos cientistas da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos.

Don Gurnett faz pela segunda vez o comunicado de chegada ao espaço interestelar. Professor do departamento de física e astronomia da universidade americana, ele também foi o autor do estudo publicado na revista Science em 2013 que confirmou a saída da Voyager 1.

“A velha ideia de que os ventos solares são reduzidos gradualmente à medida que avançamos em direção ao espaço interestelar não é verdadeira”, disse Gurnett. “Mostramos com a Voyager 2, e antes com a Voyager 1, que existe um limite. É simplesmente surpreendente como plasmas formam limites”.

Os ventos solares são um fluxo de partículas que sai constantemente do Sol. Essas partículas, basicamente prótons e elétrons, têm uma energia cinética (velocidade) muito grande. Os cientistas ainda têm muitas dúvidas sobre o assunto e, por isso, enviaram a missão Parker Solar Probe em agosto de 2018 até o Sol.

A Voyager 2 ultrapassou o limite do nosso Sistema a 18 bilhões de quilômetros do Sol. As naves foram lançadas com uma diferença de poucas semanas em 1977, mas chegaram ao espaço interestelar em uma distância basicamente igual, de acordo com a pesquisa.

“Isso mostra que a heliosfera [região com a influencia do Sol] é simétrica, pelo menos nos dois pontos onde as sondas cruzaram”, disse Bill Kurth, co-autor do estudo.

Além das descobertas científicas incontáveis – Urano e Netuno, por exemplo, nunca mais foram visitados – as sondas também carregam mensagens para uma possível vida inteligente. Discos de ouro foram lançados ao espaço e levaram mais de 100 fotografias, músicas e informações sobre a Terra e a humanidade.

Voyager Golden Record foi enviado ao espaço em 1977 com informações sobre o nosso planeta — Foto: NASA

Fonte: G1

Cristiane Tavolaro

Sou física, professora e pesquisadora do departamento de física da PUC-SP. Trabalho com Ensino de Física, atuando principalmente em ensino de física moderna, ótica física, acústica e novas tecnologias para o ensino de física. Sou membro fundadora do GoPEF - Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP e co-autora do livro paradidático Física Moderna Experimental, editado pela Manole.

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