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Alunos da UnB desenvolvem tecnologia para tratar pé diabético

As lesões provocadas pela doença demoram a cicatrizar e podem levar à amputação do membro. Alunos de engenharia da UnB desenvolveram um protótipo para tratar o problema

Dois estudantes da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveram um protótipo para tratar o pé diabético, problema recorrente em quem tem diabete mellitus. A complicação ocorre quando o paciente apresenta feridas nos membros inferiores, que, geralmente, demoram a cicatrizar — em alguns casos, a lesão infecciona e requer amputação do membro. Foi pensando em acelerar o processo de cicatrização que Diogo Sousa, 27 anos, aluno de engenharia aeroespacial, e Saulo Lisboa, 28, aluno de engenharia elétrica, criaram o Heal Light, tecnologia que combina uma membrana de látex e um dispositivo que emite luz de LED.

Saulo Lisboa (E) e Diogo Sousa (D): inventores do câmpus do Gama da Universidade de Brasília (UnB) .

 O tratamento funciona por meio da exposição da ferida, coberta pela membrana de látex, à luz de LED, em um procedimento denominado fototerapia. “Nós fizemos vários testes clínicos com pacientes nas casas deles, sempre junto com enfermeiros. O processo dura cerca de 35 minutos e deve ser feito diariamente até o fechamento da lesão”, relata Diogo. “Conseguimos reduzir o tempo de cicatrização de alguns diabéticos para 52 dias”, completa.
A ideia de associar essas duas tecnologias para acelerar a cicatrização do pé diabético veio de um projeto desenvolvido na Faculdade UnB Gama — o Rapha. Diogo e Saulo decidiram levar a iniciativa adiante e a transformaram em um projeto de TCC, que recebeu apoio do Instituto TIM, por meio do programa Academic Working Capital (AWC)* e se tornou uma startup. Agora, os estudantes tentam registrar o equipamento junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e obter autorização da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) para que a tecnologia seja implementada na rede pública de saúde.

Benefícios

“Criamos o Heal Light para dar retorno à sociedade. Queremos sair da bolha da UnB e começar a falar do projeto em outros lugares”, afirma o estudante de engenharia elétrica Saulo. De acordo com ele, o principal benefício da tecnologia é o bem-estar dos diabéticos. “Eles podem fazer o tratamento em casa, não precisam ir o tempo todo ao ambulatório”, explica. “E a recuperação do pé diabético com esse procedimento é bem mais eficiente do que o protocolo utilizado hoje.”

A tecnologia combina uma membrana de látex a um dispositivo que emite luz de LED .

 Diogo ressalta que o projeto também será benéfico para os cofres públicos. “O procedimento feito hoje está em torno de R$ 150 por curativo. E acontece que o paciente utiliza esses curativos e, muitas vezes, a ferida não fecha e resulta em uma amputação”, diz. “A membrana de látex custa três reais para a gente. O equipamento fototerápico tem longa duração e, quando a ferida do paciente cicatrizar, o dispositivo poderá ser recolhido pela rede de saúde e repassado a outra pessoa.” Ele explica também que a utilização de LED em vez de laser — como normalmente são feitos procedimentos de fototerapia — barateia ainda mais o tratamento. 

A Heal Light foi uma das cinco startups selecionadas para a penúltima fase do Hack Brazil — iniciativa que visa acelerar empreendimentos criados para resolver grandes problemas brasileiros. Se ganharem a competição, eles receberão R$ 100 mil para aplicar no projeto e terão a oportunidade de apresentá-lo para investidores na Universidade Harvard e no MIT. “Na questão científica, a gente tem muito a agradecer à UnB e, na questão do empreendedorismo, quem está nos dando suporte para que essa ideia não morra na faculdade e possa alcançar várias pessoas por meio da rede pública de saúde é o Instituto TIM”, afirma Diogo.
As expectativas de ambos os estudantes em relação ao Hack Brazil e ao futuro do projeto são altas. “Nós estamos recebendo consultorias de CEOs de várias empresas, que serão nossos mentores até a próxima fase, e, depois, se tudo der certo (e eu estou confiante de que vai), viajaremos para Boston”, comenta Diogo. “O projeto é excelente e a gente atende a uma demanda grande. Acho que tem tudo para dar certo. Nós temos as melhores expectativas possíveis”, acrescenta Saulo.

Fonte: Correio Brasiliense

Cristiane Tavolaro

Sou física, professora e pesquisadora do departamento de física da PUC-SP. Trabalho com Ensino de Física, atuando principalmente em ensino de física moderna, ótica física, acústica e novas tecnologias para o ensino de física. Sou membro fundadora do GoPEF - Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP e co-autora do livro paradidático Física Moderna Experimental, editado pela Manole.

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