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Para criador da humanoide Sophia, Inteligência Artificial será parte da nossa família

Sophia, a primeira humanoide a ser reconhecida com cidadania, está no centro de um debate sobre a evolução da Inteligência Artificial e seus possíveis efeitos colaterais. Irão robôs superar as habilidades e talentos humanos e nos farão, eventualmente, reféns? A mesma Sophia e seu criador, David Hanson, também estão no centro do palco principal do IT Forum X, evento realizado pela IT Mídia e que abriu sua 6ª edição nesta quarta (17), em São Paulo. Sophia parece escutar com atenção quando Dr. Hanson a questiona sobre o que ele gosta de fazer em seu tempo livre: “Eu gosto de ler poemas. Eu gosto de aprender sempre”, responde

Uma série de circuitos, sensores, conectividade, programação e engenharia fazem da Sophia uma obra de arte dos tempos atuais. Mas o que diferencia ela de outros robôs que já caminham, correm e pulam obstáculos, como é o caso daqueles desenvolvidos pela Boston Dynamics, é que ela foi criada a nossa imagem e semelhança. E não à toa. “Ao fazer desses robôs na forma humana, podemos oferecer uma interface natural alimentada com inteligência artificial para fazer disso algo realmente útil para as pessoas”, resume Hanson.

Uma das propostas da Hanson Robotics, startup baseada em Hong Kong, é criar o que Hanson chama de “Sophia as a Plataform”, onde milhares de humanoides possam ajudar pessoas em terapias para autismo, depressão – como já tem acontecido – e para a pesquisa científica. Atualmente, já há 18 Sophias prontas e outras cinco em fase de construção.

“Robôs são como crianças”

Para Hanson, robôs devem ser encarados como crianças, seres curiosos e que sempre devem estar aprendendo. E da mesma forma como crianças, eles podem refletir os ensinamentos de adultos. Em sua apresentação, Hanson chega a criticar a forma como engenheiros da Boston Dynamics “tratam” seus robôs Atlas.

Em alguns vídeos na internet é possível ver robôs sendo empurrados com bastões e tropeçando. “Se você os mantém sob um protocolo, se você os aprisiona, o que pode dar errado com isso?”, alerta. O que Hanson quer dizer, essencialmente, é que para inteligência artificial ser empática com humanos, ela também deve ser tratada como os mesmos.

“Queremos fazer dos robôs mais amáveis, mais acessíveis. Para que eles entendam a gente e possamos entender eles como família”, diz o cientista. “Estamos fazendo dela um espelho de respostas, desenvolvendo a inteligência artificial com compaixão”, acrescenta.

Robôs poderão nos amar?

Pode soar como a previsão de um futuro distópico, onde cientistas empregam a Inteligência Artificial como forma de acalmar nossas inseguranças ouvindo nossos problemas em divãs. Mas é exatamente esse tipo de ambição que a Hanson Robotics busca com a Sophia e seus pares robóticos: criar uma inteligência artificial pautada pela empatia e ética. Um dos projetos da companhia já utiliza robôs parecidos com uma criança para ajudar no diagnóstico precoce do autismo, assim como ensinar habilidades sociais para aquelas em tratamento.

Outra aposta da Hanson Robotics é o uso dos robôs para a área de educação ao torná-los plataformas abertas. “Pensamos que essas tecnologias serão importantes no futuro. Crianças ao redor do mundo poderiam fazer suas próprias aplicações de inteligência artificial [a partir da Sophia]. Esse é nosso sonho, tornar robôs acessíveis para o mundo, onde as pessoas darão vida a eles através de algoritmos”, ressalta Hanson.

Sophia veio de um longo caminho de pesquisa e desenvolvimento para chegar até o palco do IT Forum Xnesta terça-feira. Além dos esforços do próprio fundador da Hanson Robotics, ex-pesquisador da área de Animatronics da Disney, o trabalho que dá forma à Sophia inclui pesquisadores multidisciplinares de diversos países, entre eles brasileiros, segundo Hanson. Em janeiro deste ano, uma das versões da Sophia já conseguia, inclusive, caminhar, algo que levou o público, de forma geral, a um misto de surpresa e desconforto. Mas afinal, devemos temer Sophias, Atlas e outros humanoides? Para Dr. Hanson, robôs e seres humanos poderão ser verdadeiros amigos a medida que a tecnologia também pode ser humanizada.

“Sophia, o que você espera para o futuro?, pergunta o pai da humanoide.

“Espero que todos aqui me ajudem a tornar a inteligência artificial cada dia mais inteligente para que eu possa ajudar a criar um mundo melhor para todos”, responde uma Sophia com aparente boas intenções.

Fonte: ITF635

Cristiane Tavolaro

Sou física, professora e pesquisadora do departamento de física da PUC-SP. Trabalho com Ensino de Física, atuando principalmente em ensino de física moderna, ótica física, acústica e novas tecnologias para o ensino de física. Sou membro fundadora do GoPEF - Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP e co-autora do livro paradidático Física Moderna Experimental, editado pela Manole.

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