CI&T

Levitação acústica – não é entretenimento

Você já ouviu falar de levitação acústica? É exatamente o que o nome sugere: uma tecnologia que nos permite levitar objetos usando apenas som.

E não serve apenas para explodir nossas mentes. A técnica tem aplicações interessantes em farmacologia, química e até robótica.

Metodologia

O físico Chris Benmore e seus colegas do Laboratório Nacional de Argonne em Illinois, nos EUA, construíram um dispositivo utilizando duas “buzinas” que vibram 22.000 vezes por segundo, liberando ondas de som em um bolsão de ar.

Não é preciso temer a palavra “buzina”, no entanto – embora tão intenso quanto um show de rock, o som é quase imperceptível para humanos.

“Quando essas duas ondas interagem [vindas das duas buzinas], você tem o que chamamos de onda estacionária. Elas se cancelam em alguns lugares e se reforçam em outros para criar nós e antinós. Nos lugares em que se cancelam, você coloca um objeto e pode levitá-lo”, explica Benmore.

Enquanto é hipnotizante assistir gotas d’água levitando entre as buzinas, o objetivo do dispositivo não é entreter. Benmore e sua equipe estão estudando a levitação acústica para, entre outras coisas, criar farmacêuticos mais eficazes.

Aplicações

Desafiar a gravidade não é exclusividade do som. Mas, ao contrário da levitação magnética, por exemplo, a acústica pode levantar com sucesso tanto sólidos quanto líquidos. Há uma limitação, no entanto: de tamanho.

Levitar coisas muito pequenas ainda tem diversas aplicações, no entanto. No momento, os cientistas do Argonne estão suspendendo farmacêuticos e observando sua estrutura atômica, ou seja, como seus átomos estão arranjados, com a ajuda de um poderoso raio-X. Assim, podem descobrir como tornar os remédios mais eficazes, por exemplo, fazendo com que sejam mais rapidamente absorvidos pelo corpo humano.

Observar como moléculas interagem também pode ajudar os cientistas a analisar uma miríade de outras coisas.

Por fim, a levitação acústica também pode ser muito útil na área da robótica: braços robóticos podem utilizar a técnica para manusear objetos minúsculos, por exemplo. 

Fonte: Hypescience

Cristiane Tavolaro

Sou física, professora e pesquisadora do departamento de física da PUC-SP. Trabalho com Ensino de Física, atuando principalmente em ensino de física moderna, ótica física, acústica e novas tecnologias para o ensino de física. Sou membro fundadora do GoPEF - Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP e co-autora do livro paradidático Física Moderna Experimental, editado pela Manole.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *