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Brasileiros desenvolvem cristal que mede radiação UV

Sensor de UV

A exposição à radiação ultravioleta (UV) é fator de risco para o câncer de pele e outras enfermidades. O problema se agrava quando à fonte natural de UV, a luz solar, se acrescentam fontes artificiais, como lâmpadas para terapia médica e outros artefatos.

Assim, medir a intensidade da luz ultravioleta é importante para monitorar condições ambientais e dosar aplicações terapêuticas.

Pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) sintetizaram agora um material promissor para essa função de sensor de UV.

Trata-se de uma liga de óxido de alumínio dopado com carbono e magnésio (Al2O3:C,Mg), que apresentou forte efeito termoluminescente – a termoluminescência é a emissão de luz depois que o material, previamente exposto à radiação que se deseja detectar, é aquecido.

“O óxido de alumínio dopado apenas com carbono (Al2O3:C) já era bem conhecido por sua alta sensibilidade a vários tipos de radiação: raios X, beta e gama. Ele é usado na dosimetria de radiação ionizante pessoal e ambiental. O que nós descobrimos é que o material passa a responder também à radiação UV quando é dopado com magnésio, além do carbono,” contou o professor Neilo Marcos Trindade.

Análises do comportamento do novo material mostraram que o acréscimo de magnésio no processo de dopagem remove uma grande quantidade de defeitos no cristal. “E isso possibilita uma resposta ainda maior do material para radiação ionizante e não ionizante, como a UV,” explicou Neilo.

Detecção de radiação beta

Além dessa descoberta principal, que possibilita usar o cristal na detecção de radiação ultravioleta, a equipe obteve mais duas informações importantes.

A primeira foi que a resposta do material à radiação UV é análoga à sua resposta à radiação beta – beta é uma forma de radiação ionizante emitida por alguns núcleos radioativos, como potássio-40, carbono-14, iodo-132 e outros. Isso significa que muitas mensurações de partículas beta realizadas até agora podem ter sido afetadas pela interferência da UV, o que exigirá reavaliações de resultados de pesquisas anteriores e até mesmo a aferição do funcionamento de sensores.

A segunda, que permite que esse problema possa ser solucionado em dispositivos futuros, foi que o padrão de variação das duas respostas não é o mesmo. O material responde a beta de forma linear – isto é, sua luminescência cresce incrementalmente com o aumento da exposição à radiação ionizante, em curva contínua. Já no caso de UV, a variação da luminescência não apresenta linearidade.

Com isto, será possível fabricar sensores que sejam mais precisos do que os atuais e que apresentem resultados separados para partículas beta e raios UV.

Fonte: Inovação Tecnológica

Cristiane Tavolaro

Sou física, professora e pesquisadora do departamento de física da PUC-SP. Trabalho com Ensino de Física, atuando principalmente em ensino de física moderna, ótica física, acústica e novas tecnologias para o ensino de física. Sou membro fundadora do GoPEF - Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP e co-autora do livro paradidático Física Moderna Experimental, editado pela Manole.

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