Um olhar sobre o mundo, por José Goldenberg
Quando um físico que foi professor em Stanford, reitor da USP, presidente da SBPC, CESP, CPFL, Congás, Eletropaulo, Secretário de Ciência e Tecnologia, Ministro da Educação e Cultura, Meio Ambiente, Saúde, organizador da Rio 92 – a mais importante Conferência sobre Meio Ambiente Mundial e atual presidente da FAPESP, Prof. Dr. José Goldenberg, diz que o Brasil precisa investir fortemente em energia solar, é porque precisa.
Em recente entrevista ao programa Um Olhar Sobre o Mundo, da TV Brasil, Goldenberg, aos 90 anos, explica calmamente que apesar da matriz energética brasileira ser constituída de cerca de 45% de fontes renováveis, o que nos deixa bastante confortáveis diante do panorama mundial (veja as figuras 1 e 2), nossa matriz elétrica ainda é essencialmente hidroelétrica, o que nos têm trazido problemas ambientais e sociais devido à necessidade da construção de grandes reservatórios (ver figura 3).
Figura 1 – Matriz Energética Brasileira em 2016. Fonte: http://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica , acesso em 03/07/18.
Figura 2 – Comparação entre a matriz energética brasileira e a mundial. Fonte: http://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica, acesso em 03/07/18.
Figura 3 – Matriz elétrica brasileira em 2016. Fonte: http://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica, acesso em 03/07/18.
O professor ressalta o crescimento da disponibilidade de energia eólica principalmente no nordeste do país, mas insiste nas vantagens da instalação do sistema fotovoltaico individualmente, já que o usuário fica dispensado dos impostos que hoje correspondem a 40% do valor da conta, mesmo que o custo inicial seja alto.
E falando em custo inicial, o professor chama a atenção dos grandes empresários brasileiros: preferem investir em Bolsa de Valores que investir em um programa robusto de estímulo à geração de energia solar — aproveitando a condição natural de país tropical e ensolarado.
A entrevista também aborda questões relacionadas ao Lítio – necessário para as poderosas baterias que alimentam e alimentarão os carros elétricos e tantos outros dispositivos – abundante na Bolívia, mas explorada por empresa alemã.
E como presidente da FAPESP, ressalta a importância do apoio à inovação para o desenvolvimento do país, particularmente a inovação produzida em pequenas empresas, as STARTUPs: “Na FAPESP, fazemos um grande esforço nesse sentido, principalmente com o programa PIPE [Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas], porque a inovação surge principalmente nas pequenas empresas, não nas grandes. É preciso apoiar os jovens que saem das boas universidades para que eles desenvolvam suas ideias e seus produtos inovadores”, disse.
Vale a pena assistir:
Um olhar sobre o mundo, TV Brasil, 25/06/2018.