Os Três Significados de E=mc², a Equação Mais Famosa de Einstein.
É muito mais do que a equivalência entre massa e energia; é a chave para desvendar o universo quântico (foto: Einstein derivando a Teoria da Relatividade Especial em 1934 – Domínio público)
Há apenas três componentes na afirmação mais famosa de Einstein:
1. E, ou energia, que representa um dos lados da equação e equivale à energia total do sistema.
2. m, ou massa, que está relacionada à energia por um fator de conversão.
3. E c², que é a velocidade da luz elevada ao quadrado: o fator certo que precisamos para tornar massa e energia equivalentes.
Niels Bohr e Albert Einstein discutindo uma variedade de tópicos na casa de Paul Ehrenfest em 1925. Os debates entre Bohr e Einstein estiveram entre os mais influentes eventos que ocorreram ao longo do desenvolvimento da Mecânica Quântica. Hoje Bohr é mais conhecido por suas contribuições quânticas, enquanto Einstein é mais conhecido por suas contribuições à relatividade e à equivalência entre massa e energia (Paul Ehrenfest).
O significado desta equação é completamente revolucionário. Como o próprio Einstein disse:
“Decorre da Teoria da Relatividade Especial que massa e energia são, ambos, manifestações diferentes da mesma coisa – um conceito não muito familiar para a mente mediana.”
Aqui estão os três principais significados desta simples equação.
Rastros de partículas que emanam de uma colisão de alta energia no LHC em 2014. Partículas compostas são quebradas em seus componentes e espalhadas, mas novas partículas também são criadas a partir da energia disponível na colisão (CERN)
Energia pura pode ser usada para criar massa a partir do nada. Este último significado é o mais profundo. Se você pegar duas bolas de bilhar e jogar uma contra a outra, você continuará com duas bolas de bilhar. Se você pegar um fóton e um elétron e jogar um contra o outro, você obterá um fóton e um elétron. Mas se você os colidir com energia suficiente, você obterá um fóton, um elétron e um novo par de partículas matéria-antimatéria. Em outras palavras, você terá criado duas novas partículas massivas:
• uma partícula de matéria, como um elétron, próton, nêutron, etc.
• e uma partícula de antimatéria, como um pósitron, antipróton, antinêutron, etc.,
que só podem ser criadas se você tiver energia suficiente. É assim que aceleradores de partículas, como o LHC no CERN, buscam por partículas novas, instáveis e de alta energia (como o bóson de Higgs ou o quark top): criando novas partículas a partir de energia pura. A massa que você obtém provém da energia disponível: m = E / c². Isso também significa que se sua partícula tem um tempo de vida finito, então devido ao Princípio da Incerteza de Heisenberg, há uma incerteza inerente à sua massa, pois ∆E∆t ~ ħ e, portanto, há um ∆m correspondente da equação de Einstein. Quando os físicos falam sobre a largura de uma partícula, eles estão falando sobre essa incerteza inerente do valor da massa.
A deformação do espaço-tempo, de acordo com a Relatividade Geral, por massas gravitacionais (LIGO/T. Pyle)
A equivalência massa-energia também levou Einstein à sua maior realização: a Teoria da Relatividade Geral. Imagine que você tenha uma partícula de matéria e uma partícula de antimatéria, ambas com a mesma massa de repouso. Você pode aniquilá-las, e elas produzirão fótons com uma quantidade específica de energia, de acordo com E = mc². Agora imagine que você tem esse par de partícula/antipartícula se movendo rapidamente, como se tivessem vindo do espaço sideral, caído no poço de gravidade terrestre e depois se aniquilado perto da superfície da Terra. Nesse caso esses fótons teriam mais energia: o E de E = mc² seria somado ao E da energia cinética que eles ganharam ao cair.
Se dois objetos, um de matéria e um de antimatéria, se aniquilam quando estão em repouso, eles produzem fótons de energia extremamente específica. Se eles produzem esses fótons depois de cair em um campo gravitacional, essa energia deve ser maior. Isso significa que deve existir algum tipo de redshift (desvio para o vermelho) ou blueshift (desvio para o azul) gravitacional, que não era previsto pela teoria da gravidade de Newton, caso contrário a energia não seria conservada (Ray Shapp/Mike Luciuk; modificado por E. Siegel)
Se quisermos que a energia seja conservada, temos que entender que o redshift (e o blueshift) gravitacional precisam ser reais. A teoria da gravidade de Newton não explica isso, mas de acordo com a Relatividade Geral de Einstein a curvatura do espaço significa que cair em um campo gravitacional faz com que você ganhe energia, e sair de um campo gravitacional faz com que você perca energia. A relação completa e geral, então, para qualquer objeto em movimento, não é apenas E = mc², mas sim E² = m²c⁴ + p²c². (Onde p é momento.) Apenas generalizando as coisas para incluir energia, momento e gravidade podemos verdadeiramente descrever o Universo.
Quando um quantum de radiação deixa um campo gravitacional, sua frequência deve sofrer um redshift para conservar energia; quando entra, deve sofrer um blueshift. Isso faz sentido apenas se a gravitação em si estiver ligada não apenas à massa, mas também à energia (Vlad2i e mapos/Wikipédia)