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Hedy Lamarr: a atriz de Hollywood conhecida como a “mãe do Wi-Fi”

A capacidade inventiva da austríaca Hedy Lamarr foi ofuscada por sua beleza e ela é mais conhecida pela carreira como atriz em Hollywood do que por suas criações. A principal delas foi a tecnologia que serviu de base para a criação de telefones celulares, Bluetooth e Wi-Fi.

Nascida Hedwig Eva Maria Kiesler, Lamarr era curiosa desde criança e, aos cinco anos, já desmontava máquinas sozinha para entender como funcionavam. Mas ela nunca chegou a obter educação formal na área e, aos 19 anos, casou-se com um fabricante de armas e munições que tinha clientes no partido Nazista. Infeliz, fugiu de casa poucos anos depois, migrando para os Estados Unidos.

Hedy Lamarr em cena do filme O Inimigo X (1940) (Foto: Wikimedia/MGM / Clarence Bull )

O casamento, porém, não foi de todo inútil. Em 1940, no pré-guerra, ela usou o conhecimento que tinha sobre armamento para pensar em maneiras de superar a força bélica dos nazistas. Como sabia que torpedos controlados por rádio facilmente falhavam, Lamarr resolveu desenvolver um aparelho que minimizasse o risco de interferência nos sinais.

Com a ajuda do amigo George Antheil, um pianista e compositor que também gostava de invenções, chegaram a um sistema que não só garantia que os torpedos chegassem aonde deveria, mas também não fossem detectados pelos inimigos. Uma noite, quando os dois brincavam de dueto em frente a um piano, Lamarr percebeu que, ao reproduzir as notas tocadas por Antheil em outra escala, frequências diferentes eram emitidas. Para ela, algo semelhante poderia ser aplicado pelas estações de radiocomunicação americanas, que se trocassem várias vezes de frequência coordenadamente, impediriam que os nazistas rastreassem códigos e mensagens de guerra, como o direcionamento de torpedos, que eram alvos fáceis de serem interceptados e destruídos pelos inimigos. Aperfeiçoado por Antheil, o sistema de Lamarr ganhou o nome “salto de frequência”. Em 1942, patentearam a invenção.

Tratada a vida toda como símbolo sexual, ela só foi reconhecida como cientista em 1997.

Na época, porém, a Marinha era resistente a aceitar invenções de civis, e a tecnologia não foi implementada. Demoraram anos até que a invenção de Lamarr e Antheil fosse reconhecida — a patente já havia inclusive expirado, o que fez com que eles nunca recebessem um centavo por ela.

Em 1997, a dupla recebeu o Pioneer Award da Fundação Fronteira Eletrônica. E, em 2014, Lamarr entrou para o Hall da Fama Nacional de inventores. Desde então, mais do que somente uma bela atriz hollywoodiana, Lamarr ficou conhecida como “a mãe do Wi-Fi”.

Fonte: Revista Galileu

Cristiane Tavolaro

Sou física, professora e pesquisadora do departamento de física da PUC-SP. Trabalho com Ensino de Física, atuando principalmente em ensino de física moderna, ótica física, acústica e novas tecnologias para o ensino de física. Sou membro fundadora do GoPEF - Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP e co-autora do livro paradidático Física Moderna Experimental, editado pela Manole.

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