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Cientistas fazem primeiro raio X colorido 3D de um humano.

Pesquisadores utilizaram tecnologia desenvolvida pelo CERN para obter as primeiras imagens de raio X coloridas em 3D de um ser humano.

Foto:     Raio X colorido e 3D de um pulso com um relógio (MARS Bioimaging Ltd).

Cientistas neozelandeses divulgaram neste mês as primeiras imagens de raio X coloridas e em 3D de um ser humano. O equipamento que obteve essas imagens é baseado no raio X tradicional, mas incorpora uma tecnologia desenvolvida pela Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN). O Medipix, como é chamado, funciona como uma câmera que detecta e conta partículas subatômicas individualmente conforme elas colidem com os pixels enquanto sua lente está aberta. Isso permite a obtenção de imagens de alta resolução e contraste que prometem ter interessantes aplicações no campo de diagnóstico médico por imagem.

A tecnologia foi desenvolvida inicialmente para atender às necessidades do acelerador de partículas do CERN, o Large Hadron Collider (LHC). Ao longo de mais de 20 anos, as diversas gerações de chips eletrônicos do Medipix demonstraram o grande potencial que a tecnologia da Física de Altas Energias tem para ser utilizada em outras áreas, como a Medicina.

“A técnica de raio X colorido 3D pode produzir imagens mais claras e ajudar médicos a fornecer diagnósticos mais precisos a seus pacientes”, informou o CERN em nota.

De acordo com o CERN as imagens mostram claramente as diferenças entre ossos, músculos e cartilagens, além da posição e tamanho de tumores, por exemplo. Para Phil Butler (Universidade de Canterbury), um dos desenvolvedores da tecnologia, a máquina poderá “captar imagens que nenhum outro equipamento de imageamento conseguirá”.

As cores representam diferentes níveis de energia dos fótons dos raios X. Ao serem capturados pelos detectores, o equipamento consegue distinguir os diferentes componentes do corpo humano, como gordura, água, cálcio, entre outros.

Até o momento os pesquisadores estão utilizando uma pequena versão do novo equipamento para estudar câncer, ossos, juntas e doenças vasculares que podem levar a infartos e derrames. “Em todos esses estudos, resultados preliminares promissores sugerem que quando essa técnica for utilizada rotineiramente na clínica ela permitirá diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados”, diz Butler.

“É sempre gratificante ver nosso trabalho levar benefícios para pacientes ao redor do mundo”, diz Aurélie Pezous, do Knowledge Transfer Group do CERN. “Aplicações como essa estimulam nossos esforços para irmos cada vez mais longe”.

Nos próximos meses pacientes de ortopedia e reumatologia da Nova Zelândia serão examinados com o raio X colorido 3D em um novo teste clínico, que poderá pavimentar o caminho para que essa nova geração de equipamento alcance toda a sociedade.

 

SPRACE – 16/07/2018

Cristiane Tavolaro

Sou física, professora e pesquisadora do departamento de física da PUC-SP. Trabalho com Ensino de Física, atuando principalmente em ensino de física moderna, ótica física, acústica e novas tecnologias para o ensino de física. Sou membro fundadora do GoPEF - Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP e co-autora do livro paradidático Física Moderna Experimental, editado pela Manole.

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