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10 palavras que significam coisas diferentes para os cientistas

Linguagem da física

A física é um campo repleto de conceitos estranhos e termos especiais. A linguagem muitas vezes não consegue captar o que realmente está acontecendo dentro da matemática e das teorias.

E, para tornar as coisas ainda mais complicadas, a física reaproveitou várias palavras familiares – e deu-lhes novos significados.

De forma muito parecida com brasileiros em Portugal, pessoas de fora do reino da física podem se ver cercadas por um mar de palavras que soam familiares, mas que transmitem coisas completamente estranhas.

Não se preocupe! Este artigo, preparado pela equipe do Fermilab, nos EUA, está aqui para ajudar a guiá-lo nessa linguagem da física, com uma lista de palavras que adquirem um novo significado quando faladas por físicos.

Canibalismo, estrangulamento e sufocação

Essas palavras horríveis assumem um novo significado, um pouco mais gentil, no jargão da astrofísica. Elas são maneiras diferentes pelas quais a forma de uma galáxia – ou a taxa de formação de estrelas – pode ser alterada quando a galáxia está em um ambiente lotado, como em um aglomerado de galáxias. O canibalismo galáctico, por exemplo, é o que acontece quando uma grande galáxia se funde com uma galáxia companheira através da gravidade, resultando em uma galáxia maior.

Chicane

Dependendo do quanto você sabe sobre carros de corrida, você pode ou não ter ouvido falar de uma chicane. No mundo do automobilismo, uma chicane consiste em uma ou duas curvas extras na estrada ou pista, projetadas para forçar os veículos a desacelerar.

Isso não é tão diferente das chicanes na física dos aceleradores de partículas, onde conjuntos de quatro dipolos magnéticos comprimem um feixe de partículas para agrupá-las. Ela aperta o conjunto de partículas de modo que aquelas na cabeça (as partículas de alto momento na frente do grupo) estejam mais próximas da cauda (as partículas na parte de trás).

Refrigerador

Um refrigerador de feixe não será de muita utilidade no seu próximo piquenique. O resfriamento de feixe torna os aceleradores de partículas mais eficientes, mantendo as partículas em um feixe todas na mesma direção. A maioria dos feixes tem uma tendência a se espalhar à medida que viajam (algo relacionado ao movimento aleatório, ou “calor”, das partículas), de modo que o resfriamento do feixe ajuda a chutar partículas extraviadas de volta ao caminho certo – fazendo-as permanecer na trajetória ideal conforme correm através do acelerador.

Casa

Na física de partículas, uma casa é um lugar onde ficam os ímãs em um acelerador de partículas. Casa também é usada como um substantivo coletivo para um grupo de ímãs. O acelerador de partículas Tevatron, do Fermilab, por exemplo, tinha seis setores, cada um com quatro casas de ímãs.

Celeiro

Um celeiro é uma unidade de medida usada na física nuclear e na física de partículas que indica a área alvo – ou seção transversal – que uma partícula representa.

O significado do termo científico foi originalmente censurado, devido à natureza secreta dos esforços para entender melhor o núcleo atômico nos idos da década de 1940. Agora você pode saber:

Um celeiro é igual a 10-24 cm2. No mundo subatômico, uma partícula com esse tamanho é bastante grande – e atingi-la com outra partícula é praticamente como atingir o lado mais largo de um celeiro.

10-24 cm2. No mundo subatômico, uma partícula com esse tamanho é bastante grande – e atingi-la com outra partícula é praticamente como atingir o lado mais largo de um celeiro.

Cavidade

A maioria das pessoas tem medo de cavernas, buracos e cavidades, mas não na física de partículas. Aqui, uma cavidade é o nome de uma parte comum do acelerador. Essas câmaras de metal modelam o campo elétrico do acelerador e impulsionam as partículas, aproximando-as da velocidade da luz. O campo eletromagnético dentro de uma cavidade de radiofrequência muda rapidamente de um lado para o outro, chutando as partículas. As cavidades também mantêm as partículas agrupadas em grupos coesos, aumentando a intensidade do feixe.

Dopagem

A maioria das pessoas associa a dopagem ao uso de drogas nos esportes. Mas o doping pode ser muito mais! É um processo de introduzir materiais adicionais (muitas vezes considerados impurezas) em um metal ou semicondutor para alterar suas propriedades de condução. Os supercondutores dopados podem ser muito mais eficientes que seus equivalentes puros. Algumas cavidades do acelerador, feitas de nióbio, são dopadas com átomos de nitrogênio. Isso está sendo investigado também para uso na concepção de ímãs supercondutores.

Extinguir

A versão física de extinguir não tem nada a ver com isotônicos ou com saciar a sede. Em vez disso, um quench – este é o termo em inglês – é o que acontece quando materiais supercondutores perdem sua capacidade de superconduzir, ou transportar eletricidade sem resistência.

Durante essa transição – esta é outra tradução possível para quench -, a corrente elétrica aquece o fio supercondutor e o líquido refrigerante. Esse líquido, usado para manter o fio em sua temperatura fria e supercondutora, se aquece e se transforma em um gás que escapa pelas aberturas. Essa transição do estado supercondutor para o estado normal é bastante comum e uma parte importante do treinamento de ímãs que focarão e guiarão os feixes através dos aceleradores de partículas. Ela também ocorre em cavidades aceleradoras supercondutoras.

Injeção

Na física de partículas, as injeções não administram uma vacina através de uma agulha em seu braço. Em vez disso, as injeções são uma maneira de transferir os feixes de partículas de um acelerador para outro. Os feixes de partículas podem ser injetados a partir de um acelerador linear em um acelerador circular, ou de um acelerador circular menor (um reforçador) em um acelerador maior.

Decaimento

A maioria das pessoas associa o decaimento à perda de alguma coisa. Mas um decaimento de partículas é o processo pelo qual uma partícula se transforma em outras partículas. A maioria das partículas no Modelo Padrão é instável, o que significa que elas decaem quase imediatamente após sua criação. Quando uma partícula decai, sua energia é dividida em partículas menos massivas, que também podem decair.

Fonte: Inovação Tecnológica

Cristiane Tavolaro

Sou física, professora e pesquisadora do departamento de física da PUC-SP. Trabalho com Ensino de Física, atuando principalmente em ensino de física moderna, ótica física, acústica e novas tecnologias para o ensino de física. Sou membro fundadora do GoPEF - Grupo de Pesquisa em Ensino de Física da PUC-SP e co-autora do livro paradidático Física Moderna Experimental, editado pela Manole.

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